O Tempo Nos Faz Pedra

Sempre fui uma grande observadora. Por ser muito tímida, principalmente na infância e adolescência, tive como forte a observação das pessoas. Não de uma forma estranha, tipo uma stalker, mas no dia a dia, as pessoas que estavam ali presentes na minha rotina. Sentia quase como que um dom, porque com o tempo conseguia até "prever" algumas atitudes, sabia identificar um mentiroso, uma pessoa legal, uma má vontade, e por aí vai.

Tudo isso me fez montar na cabeça um certo script, do que eu queria e não queria para minha vida. O tipo de amigos que não queria, o emprego que não queria, o casamento que não queria, e principalmente, a pessoa que eu não queria ser.

Mal sabia minha cabecinha imatura, que há algo por trás das relações que vai moldando tudo: O tempo.

E ultimamente tenho sentido ele implacável. Acredito que ter me tornado mãe ter parte desse sentimento. É como se eu eu soubesse o que tenho que fazer, mas tudo o que o tempo me trouxe até aqui de ruim - os medos, as magoas, as raivas - me impedissem de tomar a decisão certa, de fazer o que tornariam as coisas mais amigáveis. Não sou mais tão maleável como gostaria de ser. Por que somos assim?

E parece que quanto mais velhos ficamos, mais difícil é encontrar esse equilíbrio.

Essa é apenas uma reflexão de uma sexta a tarde, enquanto trabalho. Tem dias que a cabeça não para e assim seguimos.

Até mais!

Retomando os Trabalhos - 3 anos em um post

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Depois de 3 anos é um pouco difícil achar as palavras para começar um novo post por aqui. Muito coisa aconteceu.

Para começar, tivemos o inicio de uma pandemia logo no final de 2019, e 2020 foi totalmente dentro de casa. Tive que aprender a conciliar trabalho e vida familiar em um só lugar, o primeiro ano foi muito bom, eu e meu marido até que tiramos de letra, a convivência 24h por dia num apartamento de 55m² foi tranquila, dividimos tarefas, nos tornamos companheiros de trabalho em empresas diferentes, reformei móveis e o ano passou.

Em 2021 já não aguentávamos mais ficar em casa, mas seguimos firmes e fortes. No final do ano anterior decidi que iria para com o anticoncepcional e deixar a vida me levar, nunca fui uma pessoa que tinha o sonho de ser mãe, mas a ideia foi criando força com o tempo de casamento, com os planos que vamos fazendo. A última cartela foi tomada em janeiro/2021, passei com a minha médica em fevereiro.

Não sei porque, mas sempre achei que seria uma pessoa difícil de engravidar, cheguei a pensar que se em um ano isso não acontecesse, não iria insistir, mas já no comecinho de maio/2021 tive meu positivo.

É engraçado como mesmo que inconscientemente conhecemos nossos corpos. O primeiro sinal  foi em um dia de trabalho, no final de abril. Estava trabalhando na cama, beneficio que o home office trouxe, e já tinha dias que estava sentindo um sono anormal, mesmo sendo uma pessoa que ama dormir. Esse dia foi o primeiro estalo de "será que estou gravida?". Na mesma semana estava na cidade, esperando meu marido no carro, e vi duas moças com um carrinho de pipoca, era inicio da noite e elas já estavam finalizando o trabalho, mas eu só conseguia pensar que se tivesse pipoca ali, eu ia comprar. O detalhe - não gosto de pipoca.

Decidi que naquele final de semana ia comprar um teste, só por desencargo de consciência, meu marido estaria no sabado e domingo em um curso em Sorocaba, pensei em comprar sem falar nada, se desse negativo depois eu falaria em tom de piada que estava com aquela ideia na cabeça, mas foi alarme falso. Se desse positivo, seria uma surpresa.

No fim, acabei esquecendo de comprar o teste, no sabado até pensei em ir, mas deu preguiça. No domingo a noite combinamos de comer em algum lugar, mas o curso demorou e como os restaurantes estavam fechando mais cedo, não deu pra sair. Na conversa pelo telefone, despretensiosamente pedi pra ele trazer um teste. Ai meu Deus! rs

Não fiz no exato momento, esperei a hora do banho. Fiz xixi, e deixei bonitinho em cima da pia. Tomei meu bom banho e quando saí do chuveiro fui verificar. Uma linha bem forte se destacava, e uma segunda bem fraquinha, quase imperceptivel fazia dupla com ela. Negativo, pensei. Mostrei pro marido, joguei tudo fora, quase tudo. Na mesa tinha ficado a caixa do teste, e algum tempo depois fui jogar ela no lixo, mas antes achei a bula e comecei a ler "uma segunda linha, mesmo que fraca, é positivo". Lá fui eu buscar o teste no lixo, pra confirmar se tinha mesmo uma linha fraca. Estava lá.

Mal me contive, no dia seguinte comprei outro teste, dessa vez um mais moderno e digital, que vem bem a palavra "Gravida" em caso de positivo, pra não ter dúvida. E lá estava a palavra depois de um minuto, UAU, meu coração batia feliz. E pra não ter dúvida mesmo, fiz também um beta hcg, aí não tinha como dizer que não estava gravida.

Estava bem no começo, tanto que nem atrasada minha menstruação estava. Os dias seguintes foram de êxtase. Eu não conseguia trabalhar direito, me concentrar direito, só sabia refletir no que estava acontecendo e sorrir a toa.

Não conseguimos guardar a informação, mesmo que peçam pra aguardar as 12 semanas. Estava de 4 semanas, mais ou menos, mas contamos pra todos proximos, e outros que acabavamos conversando.

Poucas semanas depois descobrimos o sexo, eu não sou daquelas que gosta de mistério. Nossa menina estava prevista para chegar em janeiro/2022.

Muita coisa foi acontecendo nos meses seguintes e na maior parte do tempo a gravidez transcorreu de forma tranquila, mas com 34 semanas ela não aguentou mais ficar escondida na barriga e decidiu sair.

Agora somos uma familia com 4 membros, o Elvis não pode ser descartado por ser cachorro, e estamos aprendendo a viver assim, historia não vai faltar pra contar por aqui.

Até a próxima!